Passara o tempo tão rapidamente que agora, diante da porta
entreaberta não sabia o que fazer.
Ficou ali parada esperando que sua mente, já não tão jovem, lhe desse um sopro de lucidez e lhe tirasse do coração a vontade de partir.
Foi assim, sempre houvera na sua vida esses momentos de
estagnação, esses momentos de total letargia. Seus olhos já cansados ainda
insistiam em brilhar. Brilho que lhe davam um ar angelical. Mais um passo... A
mão estendida querendo tocar algo, trouxe-a de encontro ao rosto e acariciou-a ,
naquele momento espalhou-se pelo ar um perfume de flores, de mar, de
lembranças. Então fechou os olhos e permaneceu ali, não se sabe por quanto
tempo.
O vento balançou seus cabelos e bateu a porta, despertando-a
do seu passeio mágico por recordações de momentos há muitos vividos. Era
preciso lembrar. Não poderia “esquecer-se”. Era preciso seguir adiante, sem
deixar para traz a vida que permanecia viva em cada suspiro seu.
Já era hora. Mais um passo e outro e mais outro. Abriu a
porta e seguiu. Assim deveria ser. Para que seu olhar não ofuscasse e suas mãos
não esmorecessem era preciso continuar. Cruzou o campo repleto de flores e
seguiu o caminho que inevitavelmente escolhera, aquele onde seu coração tivesse repouso,
sua alma se elevasse e seus olhos brilhantes ao olhar para o caminho trilhado
iluminassem o céu, como tantas outras estrelas o fazem.
Zana Ol