quarta-feira, 15 de maio de 2013

Esperando




Deixaste-me assim...
Com a tua vontade
 na minha
Com tua palavra no meu ouvido

Deixaste-me assim
Como alguém
Que se esqueceu de olhar para trás
Como alguém que não viu
O brilho no olho
E a mão estendida

Deixaste-me assim
Parada
Esperando...

Esperando
Um olhar
Um passo de volta
Um pedido...

E esperando fiquei...
Perdida no caminho
Estática ao movimento da vida
Incrédula com tua partida

Deixaste-me assim
No silêncio
Contagiante
Da alma perdida...

Deixaste um espaço
Entre o que fora
E o que pensei ser

Fico
Perdida
Esperando
Que um dia voltes
E preenchas este
Vazio
 e traga um leve afago
Soprando feito brisa
Empurrando-me mansamente  
 de volta pro rumo da vida.

Zana Ol


Talvez...



Houve um tempo em que era fácil entender o mundo. Bastava respirar a brisa da manhã e olhar para o  céu azul e pronto tudo parecia tão simples.
Houve um tempo em que caminhar descalça sobre a grama era puro deleite e, se a gente espetasse o pé em um espinho, de longe a satisfação superava a dor e então a gente seguia.
Houve um tempo em que o barulho da chuva batendo no telhado nos causava uma sensação de tranquilidade e não precisávamos de “remedinhos do sono mágico”,pois a magia do som nos fazia dormir, tranquilos e quase angelicais.
Houve um tempo em que o olhar bastava. Via-se transparência nas emoções. Os olhos realmente eram as janelas da alma...
Houve um tempo em que a palavra Amor tinha um significado muito mais amplo e abrangente e envolvia todos os seres do planeta, não importanto etnia, idade, classe social ou espécie.
Houve um tempo em que sair de casa era descobrir os encantos do mundo lá fora. Era virar a esquina e ganhar a rua, o bairro... o mundo.
O mundo era tão menor...cabia inteiro no coração e então havia mil motivos para ser feliz. Não era perfeito, mas havia mais motivos para se sorrir do que para entristecer o espírito.
Havia flores na janela, pessoas na calçada e sorrisos nos rostos.
Tempos em que ser sábio não era sinônimo de chatice. E muitos sábios contemplavam a vida e aplicavam seus conhecimentos para fazer-se bem e praticar o bem. E assim era mais fácil de estabelecer conversas prazerosas e com mais de três frases...
Não faz muito tempo que o curso da vida mudou. O que aconteceu é que foi muito rápido. Não deu tempo de entender muito bem todas essas mudanças e assim ficamos ansiando por “aqueles tempos”...Nostalgia...
Então talvez ainda haja um tempo em que apesar de toda tecnologia, todos os avanços, toda rapidez em chegar (não se sabe onde), também tenha um “break” para olhar a paisagem e perceber o que se passa na janela do carro, do trem, do ônibus...
Talvez ainda haja um tempo para diminuir o passo, ouvir o canto de um pássaro, olhar para o céu , sentir o vento e olhar a chuva.
Talvez ainda haja um tempo para se viver. Mas viver de verdade. Talvez...

Zana Ol

Perdida




Às vezes me escapa ao olhar
Esta face estranha
Da vida

Às vezes me escapa da mão
Este gesto louco
Do tocar e não sentir

Às vezes me escapa dos lábios
As palavras sempre ditas
Mas nunca ouvidas

Ás vezes me escapa do coração
O Amor guardado
Querendo  ir

E às vezes escapa da minha vida
A  vida
E perdida fico
Esperando que o vento
Traga-me de volta
Pra mim.

Zana Ol