E um dia ela se foi...Um telefonema na madrugada, tinha
partido. Sinto até hoje o gosto amargo que veio à boca ao ouvir a voz do outro
lado da linha....Tinha partido....se fora. Assim, sem avisar, sem dar chance da
despedida...Daquele dia em diante tudo seria diferente, não fora, mas dentro da
gente.
A noite longa, levou meus pensamentos.
Agora, era cadeira vazia, porta fechada, cama arrumada.
O sol perde um pouco do brilho. A noite perde um pouco de
estrelas. A gente perde um pouco da alegria...
No fundo a gente sabe que vai acontecer um dia, mas nós
queremos acreditar, que está muito longe o dia da despedida. Acha
(infantilmente) que sempre estará longe este momento...
As coisas mudam. Você deixa de ser um pouco o que era. Uma
parte vai embora e não volta, por mais que você queira resguardar,
lembrar....não adianta, morre.
A vida amanhece com gosto de saudade. Saudade de tantos ,
de todos os momentos.
Cada saudade vai ficando em um lugarzinho da gente...
E a vida é assim, embora a gente ilusoriamente queira continuar ....não queira fechar portas.
(Não gosto de portas fechadas...).
Deixo sempre a porta entreaberta para que em manhãs de
saudade, eu possa sentir seu cheiro, fechar os olhos e lembrar cada linha do
seu rosto e os momentos que a vida nos proporcionou.
A lembrança também
é aconchego.
A vida tornou-se
diferente...