Houve um tempo em que era fácil entender o mundo. Bastava
respirar a brisa da manhã e olhar para o
céu azul e pronto tudo parecia tão simples.
Houve um tempo em que caminhar descalça sobre a grama era
puro deleite e, se a gente espetasse o pé em um espinho, de longe a satisfação
superava a dor e então a gente seguia.
Houve um tempo em que o barulho da chuva batendo no telhado
nos causava uma sensação de tranquilidade e não precisávamos de “remedinhos do
sono mágico”,pois a magia do som nos fazia dormir, tranquilos e quase
angelicais.
Houve um tempo em que o olhar bastava. Via-se transparência
nas emoções. Os olhos realmente eram as janelas da alma...
Houve um tempo em que a palavra Amor tinha um significado
muito mais amplo e abrangente e envolvia todos os seres do planeta, não
importanto etnia, idade, classe social ou espécie.
Houve um tempo em que sair de casa era descobrir os encantos
do mundo lá fora. Era virar a esquina e ganhar a rua, o bairro... o mundo.
O mundo era tão menor...cabia inteiro no coração e então
havia mil motivos para ser feliz. Não era perfeito, mas havia mais motivos para
se sorrir do que para entristecer o espírito.
Havia flores na janela, pessoas na calçada e sorrisos nos
rostos.
Tempos em que ser sábio não era sinônimo de chatice. E
muitos sábios contemplavam a vida e aplicavam seus conhecimentos para fazer-se
bem e praticar o bem. E assim era mais fácil de estabelecer conversas
prazerosas e com mais de três frases...
Não faz muito tempo que o curso da vida mudou. O que
aconteceu é que foi muito rápido. Não deu tempo de entender muito bem todas
essas mudanças e assim ficamos ansiando por “aqueles tempos”...Nostalgia...
Então talvez ainda haja um tempo em que apesar de toda
tecnologia, todos os avanços, toda rapidez em chegar (não se sabe onde), também
tenha um “break” para olhar a paisagem e perceber o que se passa na janela do
carro, do trem, do ônibus...
Talvez ainda haja um tempo para diminuir o passo, ouvir o
canto de um pássaro, olhar para o céu , sentir o vento e olhar a chuva.
Talvez ainda haja um tempo para se viver. Mas viver de
verdade. Talvez...
Zana Ol