terça-feira, 23 de setembro de 2014

Primeira lição

    

      Correu desesperadamente. Queria chegar logo a exaustão. Queria cair na relva fresca do orvalho e ali adormecer olhando para o céu.
   Sôfrega, não parou.Não sabe por quanto tempo seus pés, descalços correram pela grama.Só parou quando tropeçou no cansaço dos próprios pés e caiu de joelho. Então, não pensou em levantar-se. Ali permaneceu. Olhou para o céu e não conseguia enxergá-lo como antes. Agora nuvens cinzas tomavam conta da sua visão. Caiu em um choro compulsivo, quase insano. Chorou até que a exaustão tomou conta da tristeza. Não havia mais lágrimas. Ergueu os olhos inchados de tanto chorar. Não entendia porque ela se fora. Não entendia porque ela causara tanta tristeza. Queria ela ali, perto, ao alcance de um carinho. Queria beijar-lhe a face e tocar-lhe os cabelos. Queria que pudessem olhar juntas o céu azul. Queria ouvir a sua voz suave a contar-lhe histórias, mas o tempo a roubou do seu mundo. Seu sorriso não caberia mais no seu olhar. Agora era preciso fechar os olhos para ver seu rosto novamente. Que estranho...era preciso fechar os olhos para o mundo, para enxergar com o coração o rosto do seu amor. Ainda era tão pequena, não era justo que a vida a roubasse dela. Ela era  o seu ninho, o seu mundo. Onde se aconchegaria em dias de tempestades?Que mão  lhe daria o carinho no momento de dor? Que olhos a veriam como ela realmente era?Não, não era justo...
  Levantou-se, arrumou o vestido, secou as lágrimas e voltou pelo caminho  que percorrera.Estava tão distante de casa...iria em passos de formiga, talvez assim, quando chegasse tudo já estivesse acabado.

    Olhou para o céu cinza, balançou a cabeça...O mundo não era justo!