Sorriu largamente. Olhou ao seu redor e
soltou um gemido de satisfação. Escancarou seu sorriso franco, faltavam-lhe
alguns dentes, mas pouco isto importava-lhe, adorava sorrir. O que lhe faltava
não fazia a mínima diferença, o que
realmente importava era sua vontade de
viver! – Na verdade nem ela sabia de onde vinha esta estranha sensação de
plenitude que todos os dias pela manhã lhe saudava... Era estranho, mas era
muito boa esta sensação(parecia ter borboletas passeando pelo céu da boca)!
Certo dia sentou-se ao seu lado um lindo
jovem (Viera de onde? Nunca soube). Ficou sentado durante um longo tempo, sem
dizer uma única palavra... Não precisava. Suas presenças falavam por si. A
beleza e juventude dele encantaram-lhe a alma. Então ele levantou-se, colheu
uma flor que nascera no meio da calçada, e estendeu-lhe, tocando-lhe a mão. Por
um momento ficou ali fitando aqueles olhos doces e brilhantes. Tinham brilho de estrelas, os seus olhos.
Enxergou-se neles . Fitavam-na tão francamente. Emudeceu. As palavras não se
encaixavam naquele instante...O silêncio era encantador. Então por alguns
momentos identificaram-se em almas. O belo rapaz virou-se, sorriu-lhe e foi
se afastando com passos que mais pareciam uma dança. Ela ficou a contemplar a
bela imagem. Dobrou a esquina. Sumiu do seu olhar. Sacudiu a cabeça, colocou a
flor no cabelo, ajeitou o vestido e seguiu o seu caminho.
Não era fácil deixar as coisas belas irem
embora assim, mas não havia como prender o momento. Era assim. A vida era
assim.
Baixou a cabeça e olhou para seus sapatos
já gastos de tanto andar. Não havia reparado o quanto já tinha andado. Pelos seus sapatos...já deveria ter percorrido
muitos corações, muitos olhares e muitas histórias. Não contava o tempo,
tampouco a distância. Simplesmente andava. Às vezes anjos faziam-lhe companhia
e então carregava o mundo dentro de si, talvez por isso o seu peito enchia-se
de uma alegria infinita. Alguns chamavam de felicidade. Ela apenas chamava de
vida.
Zana Ol