E naquele dia, ela
sentiu-se leve, transparente, subitamente serena.
Sabia que as
amarras haviam sido retiradas e sentiu-se livre. Seus pensamentos corriam
soltos pelos desejos contidos por tanto tempo. Suas vontades voaram por sobre
suas angústias velhas e pousaram nos seus sonhos.
Era ela novamente
e por um instante sentiu-se voar. Seu coração pulou do seu peito. Olhou ao seu
redor e viu-se em meio a si mesma.
Queria tanto estar
com ela mesma...e agora não conseguia descrever tamanha sensação. Não havia
prazer igual. Uma lágrima rolou pelo seu rosto e outra e mais outra. Deixou-as
cair como cascata pelo seu colo e se ajeitaram no chão aos seus pés. Eram
cristais, diamantes, brilhantes...eram pura felicidade. Ria-se enquanto elas
continuavam caindo de seus olhos.
Amou-se. Deixou o
sol tocar-lhe os lábios molhados e sorriu. Os raios brilharam sobre si. A
brisa leve sacudiu seu cabelo solto. Ela estava ali. Sempre esteve. Escondeu-se
por motivos alheios, escondeu-se por medo, por falta de coragem...Mas não se
pode deixar a essência guardada por muito tempo. Porque se não a libertamos,
ela nos mata. Mata-nos pela tristeza, pelo medo, pela falta do amor.
Esfregou os pés
descalços na areia umedecida. Sabia que agora, nada mais a prendia ali, naquele
mundo tão sem sentido. O que via a sua frente era o que não conseguia enxergar.
Como roupa que não serve mais, deixou quem pensara ser ali e libertou-se. Um
passo, depois outro, e outro ...então correu. Era urgente estar em si. À sua
frente estava a vida, a sua vida. E ela queria vivê-la com toda intensidade que
pulsava em suas veias e que fazia seu coração pular para fora do peito.
Não teve dúvidas.
Agora sabia. A vida a esperava. E sem
olhar para trás continuou correndo para sua vida, para sua estrada, para ela
mesma.
Zana Ol