domingo, 10 de setembro de 2017

Encontro


E naquele dia, ela sentiu-se leve, transparente, subitamente serena.
Sabia que as amarras haviam sido retiradas e sentiu-se livre. Seus pensamentos corriam soltos pelos desejos contidos por tanto tempo. Suas vontades voaram por sobre suas angústias velhas e pousaram nos seus sonhos.
Era ela novamente e por um instante sentiu-se voar. Seu coração pulou do seu peito. Olhou ao seu redor e viu-se em meio a si mesma.
Queria tanto estar com ela mesma...e agora não conseguia descrever tamanha sensação. Não havia prazer igual. Uma lágrima rolou pelo seu rosto e outra e mais outra. Deixou-as cair como cascata pelo seu colo e se ajeitaram no chão aos seus pés. Eram cristais, diamantes, brilhantes...eram pura felicidade. Ria-se enquanto elas continuavam caindo de seus olhos.
Amou-se. Deixou o sol tocar-lhe os lábios molhados e sorriu. Os raios  brilharam sobre si. A brisa leve sacudiu seu cabelo solto. Ela estava ali. Sempre esteve. Escondeu-se por motivos alheios, escondeu-se por medo, por falta de coragem...Mas não se pode deixar a essência guardada por muito tempo. Porque se não a libertamos, ela nos mata. Mata-nos pela tristeza, pelo medo, pela falta do amor.
Esfregou os pés descalços na areia umedecida. Sabia que agora, nada mais a prendia ali, naquele mundo tão sem sentido. O que via a sua frente era o que não conseguia enxergar. Como roupa que não serve mais, deixou quem pensara ser ali e libertou-se. Um passo, depois outro, e outro ...então correu. Era urgente estar em si. À sua frente estava a vida, a sua vida. E ela queria vivê-la com toda intensidade que pulsava em suas veias e que fazia seu coração pular para fora do peito.
Não teve dúvidas. Agora sabia. A vida a esperava.  E sem olhar para trás continuou correndo para sua vida, para sua estrada, para ela mesma.

Zana Ol



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