Encolheu-se na poltrona, abraçou os joelhos e pensou que dali não sairia até que aquela dor lancinante passasse. Olhou ao seu redor e só o que viu foram sombras. Tudo acabara e por mais que tentasse entender a dor não lhe permitia. Tentou trancar o soluço, mas foi em vão, então se permitiu chorar tudo que antes havia guardado.
Não sabe por quanto tempo ficou ali, mas as lágrimas haviam secado e agora já não conseguia sentir mais nada. Assim como as lágrimas secaram em seu rosto, assim também se sentia por dentro. Sentia-se seca.
Mais uma vez olhou ao seu redor e percebeu que já era muito tarde. Tarde demais. Por um breve momento revivera tudo que ainda guardava na memória. Levantou-se. Passo a passo cruzou o caminho que a separava da porta ainda entreaberta, então percebeu o que realmente acontecera. Nada permitiria que voltasse atrás.
Mais uma vez olhou ao seu redor e agora o que via eram máscaras coloridas a sorrir-lhe, então uma a uma foi pegando e colocando em seu frágil rosto ainda marcado pelas lágrimas que teimaram em secar e ali deixaram suas marcas.
Abriu a porta e com passos seguros atravessou-a . Pisou firme no mundo lá fora. Jamais deveria tê-las tirado. Jamais deveria ter se mostrado sem elas. O mundo não está preparado para aceitar as pessoas assim, livre de máscaras. Infelizmente ainda teria que usá-las, mesmo que isso a impedisse de sentir o vento da verdade a afagar-lhe o rosto. Teria que ser assim. Só assim sobreviveria. Talvez um dia consiga tirá-las e suportar as conseqüências, mas agora ainda não. Ainda não era a hora. Era assim que o mundo a aceitava, então assim seria...
Zana Ol